Economic Rights Landscape

<h5>Dignidade através da participação empresarial e econômica</h5>

<h2>Investir no impacto</h2>

Jaqueline Novogratz Headshot BW

Jacqueline Novogratz é a fundadora e CEO da Acumen e uma líder reconhecida no espaço de impacto social. Ela é autora de dois livros premiados, incluindo Manifesto para uma Revolução Moral: Practices to Build a Better World (2020). Jacqueline é membro da The B Team e atua em vários comitês.

Quando eu tinha dez anos, meu tio me deu uma blusa azul. Na frente, duas zebras passavam por uma montanha com o topo coberto de neve. Eu amava aquela blusa e eu usava em todos os lugares, até um dia em que outro menino, do ensino médio, fez um comentário rude e muito alto sobre ela. Humilhado, eu doei minha blusa para a caridade.
Avançando 15 anos, para 1986, tive que largar meu emprego em um banco em Wall Street e fui a Ruanda para ajudar a instalar o primeiro banco de microfinanciamentos do país. Correndo pelas colinas da cidade, eu vi um menininho de mais ou menos dez anos vestindo a mesma blusa. Eu corri para tentar falar com ele, mas ele só falava Kinyarwanda. Eu olhei a etiqueta da blusa e, claro, meu nome estava escrito lá. Essa história me lembra sempre que nossas ações e inércia impactam as pessoas em torno do mundo de maneiras que talvez nunca saibamos. Meus primeiros anos em Ruanda também me ensinaram que cada um de nós tem fome de liberdade e escolha. Desejamos ser vistos. Em outras palavras, desejamos dignidade.
Todo ser humano merece dignidade. A ideia da dignidade humana sempre foi familiar para mim.
Cresci nos EUA, sou o mais velho dos sete filhos em uma grande família católica, imigrante e militar. Mesmo quando criança, ser um trabalhador era grande parte da minha identidade. Eu entregava jornais. Fui babá. Fiz enfeites de Natal e vendi de porta em porta. O trabalho, e a renda que eu ganhava, me deu um sentimento de agência, de possibilidade. Eu soube desde cedo como minha mãe fazia uma renda extra vendendo antiguidades e como o dinheiro era apenas um meio para outras coisas, como liberdade e segurança.

A maior questão da minha vida e a ideia pela qual vivo é como ampliar a dignidade humana para todo ser humano no planeta. Durante meu início de carreira no setor bancário, eu entendi o poder dos mercados para criar empregos e oferecer oportunidades, mas também vi esses mesmos mercados ignorando e, com frequência, explorando os mais pobres. Meu tempo em Ruanda me ensinou o potencial do governo ou caridade, mas também os perigos de criar dependência, que é o oposto da dignidade.
Em 2001, eu criei a Acumen com o objetivo de investir nas empresas com foco em resolver os problemas da pobreza e construir um mundo com dignidade. Investimos capital paciente oriundo da filantropia há 10 ou 15 anos, em empreendedores que chegam aonde os mercados e governos falharam. Acompanhamos os empreendedores, estendendo nosso capital social, nosso acesso a recursos, pessoas e fundos. Medimos aquilo que importa e reinvestimos os ganhos financeiros em inovação para os mais pobres.
Até hoje, nossas empresas tiveram impacto em mias de 500 milhões de pessoas de baixa renda. O capital paciente funciona. Em 2007, 1.5 bilhão de pessoas em todo o mundo não tinham acesso a eletricidade. Investimos em uma empresa chamada D-light. Seu projeto inicial precisava de mudanças baseadas na preferência dos consumidores, e a empresa ouviu as sugestões. Hoje, a D-Light se expandiu para mais de 63 países e trouxe luz e eletricidade para mais de 160 milhões de pessoas de baixa renda. Com isso, a D-light acendeu a faísca de uma revolução solar fora da rede elétrica convencional. Hoje, nosso sonho é trazer a luz e energia solar àqueles considerados difíceis de alcançar, na jornada de alcançar a eletrificação universal.

Sanergy, uma empresa de saneamento em Nairobi, foi fundada 13 anos atrás, em resposta à constatação de que uma a cada três pessoas não tem acesso a banheiros. Inicialmente, as mulheres pegavam empréstimos para comprar banheiros e cobravam uma pequena taxa pelo uso. A Sanergy coletava os rejeitos diariamente, criando empregos, e depois criavam moscas-soldado-negras no composto para transformar em fertilizante e, depois, em ração animal. Hoje, a Sanergy supervisiona mais de 6 mil banheiros, movimenta diariamente 200 toneladas de rejeitos e é uma das maiores empresas de alimentação animal do país.
Esther, que comprou um banheiro há 12 anos e agora tem três, é vista como liderança em sua comunidade. Ela criou uma vida próspera e com propósito para si mesma, trouxe dignidade à sua comunidade e transformou a sorte da próxima geração. Ela tem duas filhas, uma de 26 e outra de 31 anos. Patrícia supervisiona 3000 banheiros. Florence mudou-se para o outro lado do país para lançar o negócio em Kisumu, no Lago Vitória Agora, eles criam milhares de trabalhos. O empreendedorismo social destrava não só os trabalhos, mas também o capital humano.
Esse é o poder de um capital paciente. Pode ajudar as pessoas a descobrir sua própria agência e construir um trabalho digno segundo um novo modelo de negócios, que reimagine o capitalismo e coloque nossa humanidade e o planeta no centro, não só o indivíduo e não para o lucro. Nossos modelos futuros serão em um caminho moral que colocam os outros à frente de si próprios. Juntos, podemos resolver nossos maiores problemas e construir um mundo digno.

Economic Rights (002) (1)

Investir no impacto - Dignidade através da participação empresarial e econômica

Episódio 3. Jacqueline Novogratz, CEO da Acumen, quer ver um investimento orientado por propósitos, focado no alívio da pobreza e em uma economia mais digna e participativa. 

Favicon

Logo Red

Logo Blue

Porticus

This website uses cookies.&nbsp;We use cookies to distribute website traffic and to analyse website usage. We also share information about your use of our site with our analytics partners. Please click <a href="https://www.porticus.com/en/cookie-statement/" title="here">here</a> for more details.